30 ANOS DE PRESENÇA DO PADRE PAULO
SÉRGIO BEZERRA EM ITAQUERA
Neste ano em que são comemorados os 30
anos da presença do Padre Paulo Sérgio Bezerra em Itaquera é motivo de grande
honra e alegria poder compartilhar algumas linhas sobre
esta significativa passagem. Poderia falar diretamente desta pessoa
fantástica que é o Padre Paulo, mas meu vício de professor de história me leva
a relacionar sua figura a de dois outros personagens batizados com o mesmo
nome. Faço referência, inicialmente, à similaridade entre determinada postura
que parece ser muito característica do Padre Paulo Bezerra, que é a do grande
respeito que demonstra ter às outras falas, pensamentos e culturas, e o papel
desempenhado por Paulo de Tarso, no contato e evangelização dos gentios. Tal
como o Apóstolo Paulo de Tarso, que pregava para outros povos, disseminando,
nos primeiros tempos do Cristianismo, a nova crença para a maior parte do
Mediterrâneo, nosso Paulo de Itaquera, também faz uma evangelização que cruza
fronteiras, dialoga com outros pensamentos e culturas. Mas faz isto sem ter que
sair de Itaquera. Paulo Bezerra evangeliza gentios sem precisar migrar de
território. Não precisa ir para a Grécia ou para a Síria ter contato com os que
são tidos como “outros”. Aqui mesmo, em nosso bairro, acolhe, ouve e respeita
estes outros que descobrem, no diálogo,
que não são tão “outros” assim. As fronteiras que atravessa são as fronteiras
do pensamento, das convicções, das ideologias. Faz com sua postura, que nos
reconheçamos na mesma humanidade. Humanidade acolhedora que abriga na sua casa
católicos, mas também protestantes, mas
também espíritas, mas também budistas e até aqueles que estão à margem de
qualquer religião ou filosofia. E, principalmente, acolhe os oprimidos. Sua
casa é do povo. E esta que também é sua marca forte faz lembrar o nome de outro
Paulo, outro Paulo brasileiro. Paulo Bezerra também lembra Paulo Freire. Lembra
Paulo Freire pela perseverança humanística e democrática. Pelo compromisso com
os pobres. Pela pedagogia que liberta. Pela simplicidade amorosa com que trata
os humildes. Dá voz aos que não são nunca ouvidos. É homem de ouvir. Ouve,
observa, indaga. Educa. Educa com palavras, mas educa
também com ações. Educa ao dar
apoio aos ambulantes que são perseguidos pelas autoridades. Educa ao dar apoio
aos moradores das Comunidades pobres que são ameaçadas de remoção. Educa ao
enfrentar as autoridades que martirizam os mais humildes. Educa pelo gesto.
Quando adolescente vi um filme que marcou minha personalidade. Neste filme de
William A. Wellman, chamado “Beau Geste”, interpretado por Gary Cooper, aprendi
que conhecemos os homens pelas suas ações e gestos. Os homens bons são
conhecidos pelos seus “bons e belos gestos”. Paulo Sérgio Bezerra é um homem
bom. Um presente da vida para este pedaço da Humanidade que habita nossa
Itaquera.
Valter de Almeida Costa – um professor de História
Lindas palavras: "Dá voz aos que não são nunca ouvidos. É homem de ouvir. Ouve, observa, indaga. Educa. Educa com palavras, mas educa também com ações."
ResponderExcluir