Coordenação do Nossa Itaquera na Reunião do Plano de Metas da Zona Leste

Coordenação do Nossa Itaquera na Reunião do Plano de Metas da Zona Leste
Ativistas do Nossa Itaquera

sábado, 26 de outubro de 2013

EM ITAQUERA, ATO DE POSSE DO TERRENO DA UNIFESP NA ZONA LESTE





ATO DE POSSE DO TERRENO DA UNIFESP NA ZONA LESTE,  EM ANTIGA FÁBRICA DE ITAQUERA

 
Neste dia 26 de outubro, sábado, no horário da manhã, centenas de moradores, organizações comunitárias e militantes de movimento sociais da região estiveram na manifestação  que simbolizou a posse do terreno da antiga fábrica Gazarra, onde já teve início a reforma do prédio que abrigará atividades de extensão da UNIFESP da Zona Leste, neste período que antecede a definição dos cursos que existirão naquela localidade.

 


O ato teve início com fala do Padre Ticão que retomou a trajetória da luta do Movimento pela UNIFESP na região. Em seguida, também falaram outros líderes do Movimento, entre os quais Luís França, de Ermelino e Jorge Macedo, por Itaquera, por exemplo. O Movimento Nossa Itaquera, fortemente representado no encontro estava presente nas pessoas do Padre Paulo Sérgio Bezerra, Lucas de Francesco,  Merci Medeiros, Marcio Almeida, Angelina Brito, Zezilo, Dionel Costa e Zilda Borges, que também integra o Grupo Pró-Observatório de Políticas Públicas e Centro da Memória da Zona Leste. Alunos da Universidade local, a UNICASTELO, também participaram, entre as quais a Rosana e a Tânia, que também estão organizando a mobilização pelo Conselho Participativo na região.
 


 



O ato contou ainda com a presença dos professores Cleber e Janes (da UNIFESP) e de  vários parlamentares que apóiam esta luta desde o inicio: Adriano Diogo, Juliana Cardoso, Zico Prado e Carlos Zaratini, entre outras lideranças ligadas à Zona Leste, como os subprefeitos de Itaquera, Dr. Guilherme, e da Penha, Miguel Perrella. Representando o Fórum para o Desenvolvimento da Zona Leste, esteve presente o empresário Antônio Gomes dos Santos. Do Conselho Gestor da APA Fazenda do Carmo participaram o companheiro Ângelo Iervolino e este professor que assina o presente texto.

 
 
 


No encerramento da manifestação, a reitora Soraya Smaili, da UNIFESP, reiterou a disposição de prosseguir com os esforços para que tenhamos, em breve, esta instituição nesta parte da Zona Leste.

 


Para finalizar, grupo de militantes, professores e ativistas mais ligados ao Movimento Nossa Itaquera e Grupo Pró-Observatório de Políticas Públicas, visitaram o prédio que já está sendo reformado neste terreno para abrigar as primeiras instalações da Universidade. É motivo para comemorar.





 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013





A FEIRA CULTURAL NA EMEF BARTOLOMEU LOURENÇO DE GUSMÃO

Na manhã do dia 22 de outubro, uma terça-feira, visitei a   Feira Cultural da EMEF Bartolomeu Lourenço de Gusmão. Na semana anterior tinha   encontrado um grupo de alunos e professores desta escola que participavam, tendo a frente a própria diretora da Unidade, a professora Rosália Aparecida de Oliveira,  do Projeto “Aula a Céu Aberto: Itaquera, a Copa Começa Aqui”, na área da construção do Estádio do Corinthians. No meio da conversa com estes alunos sobre as impressões causadas pela visita, uma aluna, fez o convite para que fosse  à Feira da Escola. Entendi o convite como uma convocação.

Já chegando na Escola, subindo a rua para o acesso principal, vislumbrei  a  torre de bela  igreja situada próxima. Não conheço o nome da Igreja,  mas sua imagem sempre impressiona. Pois bem, tinha chegado ao templo. Entrei naquela escola, descendo a escada que dá acesso à secretaria, com uma reverência quase religiosa. Era como se retornasse à escola de minha própria infância. Tirei uma foto de sua placa, a primeira de muitas.



O CUIDADO COM OS ALUNOS

No primeiro corredor, uma aluna que passara mal era atendida pelos assistentes. Era uma garota do último ano. Foi colocada numa cadeira e suas pernas foram estendidas sobre outra. A assistente conversava com a aluna e orientava sobre como deveria respirar. Uma sua colega estava ao seu lado também. Muito carinhosas. A aluna foi se acalmando. Estava em boas mãos. Mais tarde, numa das salas em que ocorriam as apresentações, reencontrei a garota, recuperada, alegre e integrada às atividades de sua turma.

O TRABALHO COM A RECICLAGEM

Acompanhado pela diretora fui visitando as salas. Os corredores também estavam ornados com produções dos alunos, mas dentro das salas tínhamos uma coisa fundamental, a monitoria dos alunos que explicavam sobre seus trabalhos. Numa das salas, por exemplo, os alunos apresentaram os trabalhos feitos com material reciclado. Nesta sala, algumas mães tinham opiniões divididas sobre os objetos mais bonitos e criativos. Na dúvida ia fotografando tudo que achava bonito. Os palhaços, os coelhos e o pingüim, preferido por um dos alunos visitantes.





Num outro ambiente,  uma atenciosa aluna monitora explicou sobre o material produzido com base na temática da desertificação. Árvores secas ornamentavam a sala. Fotos de desertos. Máscaras simbolizando a desumanização provocada pela seca. E o assunto da fome.

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E AS MANDALAS

O tema da alimentação foi tratado de forma criativa. Usando o recurso das mandalas. Numa mesa, foram organizadas, lado a lado, mandalas com tipos distintos de alimentos. Uma mandala com os alimentos apenas gostosos (salgadinhos industrializados); a mandala do alimento essencial; a mandala do alimento que é essencial e gostoso.









BRINCADEIRAS, JOGOS E A PRESENÇA DA MATEMÁTICA

Em outra sala, a dos jogos e brinquedos, quase não consegui sair. Muito divertido. E variado. Muitas opções. Não consegui decorar o nome de nenhum dos jogos. As crianças bem que tentaram me ensinar. Fiz várias tentativas de acertar uma bola num jogo de pontaria, sem nenhum sucesso. Não acertei nenhuma das bolas arremessadas. Outro jogo legal, era um em que as crianças iam colocando pés e mãos em círculos conforme o comando que gerava problemas complicados. A criança tinha que fazer certo malabarismo para não perder o equilíbrio. A idéia é trabalhar o que os professores de educação física chamam de lateralidade, mas o resultado mais imediato é dar muita risada com os “nós” criados nos movimentos deste jogo. Nesta sala, várias brincadeiras exigiam operações matemáticas.

Em um deles, uma pequena aluna, fez alguns cálculos com a soma dos números de minha data de nascimento e fiquei sabendo que tenho como aspectos positivos a sabedoria, a tranqüilidade, o poder da análise, a meticulosidade, mas fiquei assustado com meus aspectos negativos apontados naquela brincadeira da numerologia: desligamento, melancolia, crítico em excesso, auto-destrutivo. Manifestei minha preocupação com este resultado para uma professora que acabou também achando engraçado. Mas o melhor mesmo era ver a pequena aluna monitora deste jogo, fazendo seus cálculos antes de dar os preocupantes resultados. Na dúvida, em sem o recurso da calculadora, a aluninha ia conferindo a contagem com as pontas dos dedos.

AS EXPERIÊNCIAS CIENTÍFICAS, VULCÃO, BARCOS E ROBÔS

Numa outra sala, as experiências científicas. O vulcão. O barquinho à vapor. Um gerador de energia.   A parte que equivalia a um museu natural, com os insetos produzidos com material reciclado. E um aluno, muito didático, explicando o funcionamento de um robô guindaste.









O TEATRO COM TEXTO DE CLARICE LISPECTOR

E também teve a sala das apresentações de teatro. Nesta reencontrei a aluna que tinha me convidado para visitar a feira, interpretando o texto “Felicidade Clandestina”, de Clarice Lispector. O texto é saboroso e a apresentação da aluna foi maravilhosa. Muito legal também foi a interpretação da menina má que não queria emprestar o livro de Monteiro Lobato. Ficou ótima como pequena vilã. Em seguida, nesta sala, teve a apresentação de textos produzidos com falas de moradores de rua, tratando de vários assuntos, drogas, abandono, violência.

LITERATURA, LEITURA E ESCRITA

Teve também uma cesta com os títulos de livros. Marcadores de páginas, estilizados, entre eles um com a figura simpática do velho Chaplin. E nesta sala, um canto da literatura de terror. Bem caracterizada. Tudo convidava à leitura.




Numa sala, a produção de crianças dos primeiros anos. Uma preciosidade. Vários cadernos com as escritas dos alunos. Nestes, chamava atenção as biografias. As crianças contavam sobre o que elas gostavam: seus pais, irmãos e até os primos, além das pipocas, é claro. Emocionante a leitura destes registros infantis.

OS VALORES DAS CIVILIZAÇÕES AFRICANAS


Por fim, preciso falar da experiência e conhecimentos que adquiri na sala dedicada à Cultura e História da África. Cada nação africana mereceu uma pesquisa. Textos e fotos dos vários países africanos. Suas vestimentas. Vídeos. Tudo explicado pelos alunos. E uma coisa muito legal, que me encantou, os símbolos Adinkra. Ganhei um de presente dos alunos, o ABAN, símbolo da Fortaleza, Assento de Poder e Autoridade. Uma sala linda. Um trabalho meticuloso feito pelos alunos. Parabéns, professores desta escola. Fiquei mesmo encantado. 



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A BARBEARIA DA VILA SANTANA, EM ITAQUERA, NÃO ABRIU SUA PORTA NA MANHÃ DO ÚLTIMO SÁBADO



A BARBEARIA DA VILA SANTANA, EM ITAQUERA, NÃO ABRIU SUA PORTA NA MANHÃ DO ÚLTIMO SÁBADO.

Estranhei quando vi, naquela hora, a barbearia do Sr. Luís, ainda fechada. Já eram quase oito horas da manhã e naquele horário o velho barbeiro de Itaquera, na Rua Francisco Rodrigues Seckler, atrás da UNICASTELO, já costumava aguardar seus clientes. Era sábado e minha esperança era chegar cedo e não pegar muita fila. Mas a porta estava trancada. Me veio mesmo o pressentimento, mas teimei para não admitir aquilo que parecia evidente.
 
Afinal, neste mesmo ano o barbeiro em que corto o que me resta de cabelo, faz muitos anos, tinha passado mal numa das ocasiões em que me atendia. Teve que interromper o corte. Saiu. Foi à farmácia ou algum outro lugar e fiquei no aguardo. Quando retornou, não parecia muito melhor, mas insistiu em concluir o trabalho. Me ofereci para levá-lo num hospital, mas, orgulhoso, recusou. Isto fazia alguns meses.

Neste sábado, a porta fechada dava pistas do que podia ter acontecido, mas preferi não alimentar este pensamento. Fui fazer outras coisas. Até passei numa feira em bairro vizinho. Abasteci o automóvel. Retornei para a Vila Santana e o salão ainda permanecia fechado.

A confirmação chegou no dia seguinte, quando o parceiro do Sr. Luís, na barbearia, me chamou, quando passava na calçada, para dar a notícia. Contou as circunstâncias, que todos lamentamos. Outros clientes foram se juntando para ouvir sobre o ocorrido, mas a tristeza era geral.

O senhor Luís era um profissional até atípico. Mesmo de tradição no ramo, tendo aprendido o ofício com seu pai e pessoa conversadora, contador de histórias de pescarias, não era exatamente o rei da sociabilidade. Não fazia nenhuma questão de agradar, ou parecer simpático. Era educado, mas tinha pavio curto. Eu apreciava sua despreocupação em agradar os fregueses mais chatos. Eu mesmo não era de muita conversa. Ouvia as histórias que contava de Itaquera antiga. Tinha uma foto da Avenida Campanela, onde morava, praticamente irreconhecível como estrada de terra. Era um bom homem. Falava de sítios, pescarias, “causos” do bairro. Coisas simples. Eu escutava, quase sempre em silêncio. Às vezes até cochilava na cadeira. Nem por isto tive cortada qualquer lasca de minha orelha. Era um bom profissional. Itaquera perde,  com sua partida, um seu lado mais provinciano, quase de interior. Boas pescarias, Sr. Luís.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O NOME DE NOSSO CEU, NA VILA FORMOSA, EM MEMÓRIA DO PROFESSOR ÉDEN SILVÉRIO DE OLIVEIRA




O NOME DE NOSSO CEU, NA VILA FORMOSA, EM MEMÓRIA DO PROFESSOR ÉDEN SILVÉRIO DE OLIVEIRA

  

Hoje, este pedaço de São Paulo, a Zona Leste, fará justiça a um de seus educadores. O CEU da Diretoria Regional de Educação de Itaquera, na Vila Formosa, receberá, em cerimônia marcada para as 10 horas, o nome de “CEU Formosa Profº Éden Silvério de Oliveira”.

O professor Éden, nascido em maio de 1947, nos deixou em março de 2010. Mas antes de sua partida teve uma longa carreira na educação nesta cidade. Sua vida e atuação na área da educação foram exemplares. Praticamente toda sua carreira profissional foi exercida em nossa região. Excetuando um curto período em que lecionou na Casa Verde, na Zona Norte (entre 1977 e 1978) todos os demais anos foram de trabalhos realizados em escolas, da rede pública estadual e municipal, da Zona Leste. Também lecionou numa Universidade da cidade vizinha de Guarulhos, mas a maior parte de sua vida foi aqui mesmo na Z.L, percorrendo escolas de São Miguel Paulista, Penha e Itaquera, onde chegou a ocupar o cargo de Diretor Regional de Educação.

Admirador de sua trajetória profissional, tive, porém, pouco contato pessoal com este professor. O mais marcante aconteceu no início de minha carreira de professor. Vou relatar o que este breve contato influenciou na minha formação.

No ano de 1986 eu estava concluindo minha graduação no Curso de História que realizava numa Universidade na cidade de Mogi das Cruzes. Na época eu já tinha uma história de militância no Partido Comunista Brasileiro, onde tinha ingressado ainda na adolescência, quando este era clandestino. Lembro com saudades daquele período em que seguia para Mogi de trem, pela antiga linha tronco,  da Rede Ferrroviária Federal. Também tenho saudades daquela turma de colegas do curso de história. Mesmo sendo um dos alunos mais “caxias” da sala, me entrosava bem com a turma do fundo, onde sentava, embora, bem comportado, na época, não ficasse nas lendárias festas que aquela turma realizava entre as aulas de sexta e as de sábado de manhã. Conheci o professor Éden, nesta época.

Entre as tarefas para a conclusão do Curso de História, tinha que realizar algumas horas de estágio. Uma das ações exigidas neste estágio era a coleta de entrevistas com a direção de alguma escola de Ensino Fundamental. Tinha trabalhado muitos anos numa Sociedade Amigos do Bairro, na Vila Progresso, que era separada do bairro vizinho da Vila Nova Curuçá, por um rio, o Itaquera-Mirim.  Alguns quarteirões após a precária ponte de madeira que ligava os dois bairros tinha uma escola que também podia ser acessada por grande terreno baldio, tomado por capinzal, que era atravessado pela molecada que vinha de uma rua que corre paralela ao rio, a Rua Guabiroba de Minas. Nesta época em que eu residia no bairro XV de Novembro, era por este caminho que eu seguia para chegar na Escola Estadual Eunice Marques de Moura. E esta escola me causou forte impressão. Não a escola, exatamente, mas o seu entorno. Me pareceu uma  região muito pobre e violenta. Não que o bairro de onde eu vinha fosse menos pobre e violento. Pelo contrário. Mas a pobreza e violência do XV de Novembro, eram “minhas”, já faz tempo conhecidas. Aquele quadro social que conheci na Escola deste primeiro estágio me impressionou. E esta impressão acabou conduzindo a elaboração do questionário que tentei aplicar junto ao diretor desta escola, o Professor Éden, que então eu desconhecia.

Na minha arrogância preconceituosa dos jovens militantes de esquerda que só esperam conservadorismo dos que ocupam a direção de escolas, fui para a entrevista com a certeza de que encontraria um gestor burocrata e reacionário. Esta minha certeza durou poucos minutos. Fui recebido muito bem pelo Diretor Éden. Nem cheguei a tomar “chá de banco” no bem cuidado corredor em que ficava sua sala. Lembro que este corredor era ornamentado por plantas que tornavam o ambiente bem agradável. E logo no começo da entrevista fiz a pergunta que me permitiu conhecer a personalidade ímpar daquele diretor. Perguntei para o professor Éden se ele  achava que sua escola estava bem localizada. Com muita tranqüilidade, e para minha surpresa, o professor Éden me respondeu que achava, sim, aquela  escola “muito bem localizada”, acrescentando, “considerando-se a necessidade dos alunos”. Ou seja, a escola era bem localizada, pois estava justamente no lugar mais pobre, onde os alunos mais precisavam. Foi esta a grande lição que tive com o professor Éden Silvério de Oliveira. Uma lição que nunca esqueci passados estes 27 anos desde esta conversa. Meus agradecimentos tardios, caro Professor Éden.