O NOME DE NOSSO CEU, NA VILA FORMOSA, EM MEMÓRIA DO
PROFESSOR ÉDEN SILVÉRIO DE OLIVEIRA
Hoje, este pedaço de São Paulo, a Zona Leste, fará
justiça a um de seus educadores. O CEU da Diretoria Regional de Educação de
Itaquera, na Vila Formosa, receberá, em cerimônia marcada para as 10 horas, o
nome de “CEU Formosa Profº Éden Silvério de Oliveira”.
O professor Éden, nascido em maio de 1947, nos deixou
em março de 2010. Mas antes de sua partida teve uma longa carreira na educação
nesta cidade. Sua vida e atuação na área da educação foram exemplares.
Praticamente toda sua carreira profissional foi exercida em nossa região.
Excetuando um curto período em que lecionou na Casa Verde, na Zona Norte (entre
1977 e 1978) todos os demais anos foram de trabalhos realizados em escolas, da
rede pública estadual e municipal, da Zona Leste. Também lecionou numa
Universidade da cidade vizinha de Guarulhos, mas a maior parte de sua vida foi
aqui mesmo na Z.L, percorrendo escolas de São Miguel Paulista, Penha e
Itaquera, onde chegou a ocupar o cargo de Diretor Regional de Educação.
Admirador de sua trajetória profissional, tive,
porém, pouco contato pessoal com este professor. O mais marcante aconteceu no
início de minha carreira de professor. Vou relatar o que este breve contato
influenciou na minha formação.
No ano de 1986 eu estava concluindo minha graduação
no Curso de História que realizava numa Universidade na cidade de Mogi das
Cruzes. Na época eu já tinha uma história de militância no Partido Comunista
Brasileiro, onde tinha ingressado ainda na adolescência, quando este era
clandestino. Lembro com saudades daquele período em que seguia para Mogi de
trem, pela antiga linha tronco, da Rede
Ferrroviária Federal. Também tenho saudades daquela turma de colegas do curso
de história. Mesmo sendo um dos alunos mais “caxias” da sala, me entrosava bem
com a turma do fundo, onde sentava, embora, bem comportado, na época, não
ficasse nas lendárias festas que aquela turma realizava entre as aulas de sexta
e as de sábado de manhã. Conheci o professor Éden, nesta época.
Entre as tarefas para a conclusão do Curso de
História, tinha que realizar algumas horas de estágio. Uma das ações exigidas
neste estágio era a coleta de entrevistas com a direção de alguma escola de
Ensino Fundamental. Tinha trabalhado muitos anos numa Sociedade Amigos do
Bairro, na Vila Progresso, que era separada do bairro vizinho da Vila Nova
Curuçá, por um rio, o Itaquera-Mirim.
Alguns quarteirões após a precária ponte de madeira que ligava os dois
bairros tinha uma escola que também podia ser acessada por grande terreno
baldio, tomado por capinzal, que era atravessado pela molecada que vinha de uma
rua que corre paralela ao rio, a Rua Guabiroba de Minas. Nesta época em que eu
residia no bairro XV de Novembro, era por este caminho que eu seguia para
chegar na Escola Estadual Eunice Marques de Moura. E esta escola me causou
forte impressão. Não a escola, exatamente, mas o seu entorno. Me pareceu
uma região muito pobre e violenta. Não
que o bairro de onde eu vinha fosse menos pobre e violento. Pelo contrário. Mas
a pobreza e violência do XV de Novembro, eram “minhas”, já faz tempo
conhecidas. Aquele quadro social que conheci na Escola deste primeiro estágio
me impressionou. E esta impressão acabou conduzindo a elaboração do
questionário que tentei aplicar junto ao diretor desta escola, o Professor
Éden, que então eu desconhecia.
Na minha arrogância preconceituosa dos jovens
militantes de esquerda que só esperam conservadorismo dos que ocupam a direção
de escolas, fui para a entrevista com a certeza de que encontraria um gestor
burocrata e reacionário. Esta minha certeza durou poucos minutos. Fui recebido
muito bem pelo Diretor Éden. Nem cheguei a tomar “chá de banco” no bem cuidado
corredor em que ficava sua sala. Lembro que este corredor era ornamentado por
plantas que tornavam o ambiente bem agradável. E logo no começo da entrevista
fiz a pergunta que me permitiu conhecer a personalidade ímpar daquele diretor.
Perguntei para o professor Éden se ele achava
que sua escola estava bem localizada. Com muita tranqüilidade, e para minha
surpresa, o professor Éden me respondeu que achava, sim, aquela escola “muito bem localizada”, acrescentando,
“considerando-se a necessidade dos alunos”. Ou seja, a escola era bem
localizada, pois estava justamente no lugar mais pobre, onde os alunos mais
precisavam. Foi esta a grande lição que tive com o professor Éden Silvério de
Oliveira. Uma lição que nunca esqueci passados estes 27 anos desde esta
conversa. Meus agradecimentos tardios, caro Professor Éden.
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