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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O NOME DE NOSSO CEU, NA VILA FORMOSA, EM MEMÓRIA DO PROFESSOR ÉDEN SILVÉRIO DE OLIVEIRA




O NOME DE NOSSO CEU, NA VILA FORMOSA, EM MEMÓRIA DO PROFESSOR ÉDEN SILVÉRIO DE OLIVEIRA

  

Hoje, este pedaço de São Paulo, a Zona Leste, fará justiça a um de seus educadores. O CEU da Diretoria Regional de Educação de Itaquera, na Vila Formosa, receberá, em cerimônia marcada para as 10 horas, o nome de “CEU Formosa Profº Éden Silvério de Oliveira”.

O professor Éden, nascido em maio de 1947, nos deixou em março de 2010. Mas antes de sua partida teve uma longa carreira na educação nesta cidade. Sua vida e atuação na área da educação foram exemplares. Praticamente toda sua carreira profissional foi exercida em nossa região. Excetuando um curto período em que lecionou na Casa Verde, na Zona Norte (entre 1977 e 1978) todos os demais anos foram de trabalhos realizados em escolas, da rede pública estadual e municipal, da Zona Leste. Também lecionou numa Universidade da cidade vizinha de Guarulhos, mas a maior parte de sua vida foi aqui mesmo na Z.L, percorrendo escolas de São Miguel Paulista, Penha e Itaquera, onde chegou a ocupar o cargo de Diretor Regional de Educação.

Admirador de sua trajetória profissional, tive, porém, pouco contato pessoal com este professor. O mais marcante aconteceu no início de minha carreira de professor. Vou relatar o que este breve contato influenciou na minha formação.

No ano de 1986 eu estava concluindo minha graduação no Curso de História que realizava numa Universidade na cidade de Mogi das Cruzes. Na época eu já tinha uma história de militância no Partido Comunista Brasileiro, onde tinha ingressado ainda na adolescência, quando este era clandestino. Lembro com saudades daquele período em que seguia para Mogi de trem, pela antiga linha tronco,  da Rede Ferrroviária Federal. Também tenho saudades daquela turma de colegas do curso de história. Mesmo sendo um dos alunos mais “caxias” da sala, me entrosava bem com a turma do fundo, onde sentava, embora, bem comportado, na época, não ficasse nas lendárias festas que aquela turma realizava entre as aulas de sexta e as de sábado de manhã. Conheci o professor Éden, nesta época.

Entre as tarefas para a conclusão do Curso de História, tinha que realizar algumas horas de estágio. Uma das ações exigidas neste estágio era a coleta de entrevistas com a direção de alguma escola de Ensino Fundamental. Tinha trabalhado muitos anos numa Sociedade Amigos do Bairro, na Vila Progresso, que era separada do bairro vizinho da Vila Nova Curuçá, por um rio, o Itaquera-Mirim.  Alguns quarteirões após a precária ponte de madeira que ligava os dois bairros tinha uma escola que também podia ser acessada por grande terreno baldio, tomado por capinzal, que era atravessado pela molecada que vinha de uma rua que corre paralela ao rio, a Rua Guabiroba de Minas. Nesta época em que eu residia no bairro XV de Novembro, era por este caminho que eu seguia para chegar na Escola Estadual Eunice Marques de Moura. E esta escola me causou forte impressão. Não a escola, exatamente, mas o seu entorno. Me pareceu uma  região muito pobre e violenta. Não que o bairro de onde eu vinha fosse menos pobre e violento. Pelo contrário. Mas a pobreza e violência do XV de Novembro, eram “minhas”, já faz tempo conhecidas. Aquele quadro social que conheci na Escola deste primeiro estágio me impressionou. E esta impressão acabou conduzindo a elaboração do questionário que tentei aplicar junto ao diretor desta escola, o Professor Éden, que então eu desconhecia.

Na minha arrogância preconceituosa dos jovens militantes de esquerda que só esperam conservadorismo dos que ocupam a direção de escolas, fui para a entrevista com a certeza de que encontraria um gestor burocrata e reacionário. Esta minha certeza durou poucos minutos. Fui recebido muito bem pelo Diretor Éden. Nem cheguei a tomar “chá de banco” no bem cuidado corredor em que ficava sua sala. Lembro que este corredor era ornamentado por plantas que tornavam o ambiente bem agradável. E logo no começo da entrevista fiz a pergunta que me permitiu conhecer a personalidade ímpar daquele diretor. Perguntei para o professor Éden se ele  achava que sua escola estava bem localizada. Com muita tranqüilidade, e para minha surpresa, o professor Éden me respondeu que achava, sim, aquela  escola “muito bem localizada”, acrescentando, “considerando-se a necessidade dos alunos”. Ou seja, a escola era bem localizada, pois estava justamente no lugar mais pobre, onde os alunos mais precisavam. Foi esta a grande lição que tive com o professor Éden Silvério de Oliveira. Uma lição que nunca esqueci passados estes 27 anos desde esta conversa. Meus agradecimentos tardios, caro Professor Éden.

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