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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A BARBEARIA DA VILA SANTANA, EM ITAQUERA, NÃO ABRIU SUA PORTA NA MANHÃ DO ÚLTIMO SÁBADO



A BARBEARIA DA VILA SANTANA, EM ITAQUERA, NÃO ABRIU SUA PORTA NA MANHÃ DO ÚLTIMO SÁBADO.

Estranhei quando vi, naquela hora, a barbearia do Sr. Luís, ainda fechada. Já eram quase oito horas da manhã e naquele horário o velho barbeiro de Itaquera, na Rua Francisco Rodrigues Seckler, atrás da UNICASTELO, já costumava aguardar seus clientes. Era sábado e minha esperança era chegar cedo e não pegar muita fila. Mas a porta estava trancada. Me veio mesmo o pressentimento, mas teimei para não admitir aquilo que parecia evidente.
 
Afinal, neste mesmo ano o barbeiro em que corto o que me resta de cabelo, faz muitos anos, tinha passado mal numa das ocasiões em que me atendia. Teve que interromper o corte. Saiu. Foi à farmácia ou algum outro lugar e fiquei no aguardo. Quando retornou, não parecia muito melhor, mas insistiu em concluir o trabalho. Me ofereci para levá-lo num hospital, mas, orgulhoso, recusou. Isto fazia alguns meses.

Neste sábado, a porta fechada dava pistas do que podia ter acontecido, mas preferi não alimentar este pensamento. Fui fazer outras coisas. Até passei numa feira em bairro vizinho. Abasteci o automóvel. Retornei para a Vila Santana e o salão ainda permanecia fechado.

A confirmação chegou no dia seguinte, quando o parceiro do Sr. Luís, na barbearia, me chamou, quando passava na calçada, para dar a notícia. Contou as circunstâncias, que todos lamentamos. Outros clientes foram se juntando para ouvir sobre o ocorrido, mas a tristeza era geral.

O senhor Luís era um profissional até atípico. Mesmo de tradição no ramo, tendo aprendido o ofício com seu pai e pessoa conversadora, contador de histórias de pescarias, não era exatamente o rei da sociabilidade. Não fazia nenhuma questão de agradar, ou parecer simpático. Era educado, mas tinha pavio curto. Eu apreciava sua despreocupação em agradar os fregueses mais chatos. Eu mesmo não era de muita conversa. Ouvia as histórias que contava de Itaquera antiga. Tinha uma foto da Avenida Campanela, onde morava, praticamente irreconhecível como estrada de terra. Era um bom homem. Falava de sítios, pescarias, “causos” do bairro. Coisas simples. Eu escutava, quase sempre em silêncio. Às vezes até cochilava na cadeira. Nem por isto tive cortada qualquer lasca de minha orelha. Era um bom profissional. Itaquera perde,  com sua partida, um seu lado mais provinciano, quase de interior. Boas pescarias, Sr. Luís.

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