VIVA A ARTE
MALOQUEIRA E A FORÇA DAS COMUNIDADES UNIDAS
Neste sábado, dia 11 de Agosto, teve arte no nosso
pedaço da cidade. Num canto de Itaquera, na Avenida Caititu, ocorreu o
“Arrastão Cultural das Comunidades Unidas da Zona Leste”. Artistas, poetas, músicos,
educadores, ativistas sociais de diversas quebradas estiveram, ao longo da
tarde e noite, confraternizando com esta comunidade que, entre outras, também
sofre a ameaça de remoção por conta do pacote de projetos que integra o “kit
Copa de 2014” .
A ameaça sobre a qual não há posicionamento oficial
da Prefeitura de São Paulo, quanto a detalhes que interessam aos moradores
(cronograma das obras, conseqüentes remoções e alternativas habitacionais para
os removidos, principalmente) está relacionada ao projeto de ligação da Avenida
Caititu com a Avenida Jacu-Pêssego.
A comunidade vive o terror permanente dos boatos.
Frente ao clima de insegurança quanto ao futuro, é muito difícil fazer qualquer
plano. As famílias ao sabem onde estarão em 2014 ou no próximo ano. Não há
sinais de disposição para o diálogo por parte da Administração Municipal.
OS CORONÉIS
E O CLIMA DE TOCAIA
A sensação,
para boa parte dos moradores, que traz na memória as histórias de violências
vividas no campo (muitos são migrantes) é de que o silêncio é o mesmo que
antecedia as tocaias promovidas pelos jagunços dos coronéis nas lutas pela
terra no sertão. Aqui e hoje, em São Paulo, os coronéis são outros. Não são os
donos das terras do interior, mas possuem cargos públicos bem remunerados.
Possuem a mesma patente, mas a insígnia é da Polícia Militar. E estão no
comando das Subprefeituras. Na cidade inteira, o Prefeito colocou os coronéis
da Polícia Militar para administrar as subprefeituras. E na Zona Leste não é
diferente. Em São Mateus, São Miguel Paulista e Itaquera, quem manda são estes
coronéis. Os moradores mais pobres das comunidades ou os trabalhadores do
comércio informal, os ambulantes, por exemplo, já conhecem bem o estilo destes
comandantes. Não é o do diálogo.
MAS A ARTE
DE RUA RESISTE
Mas não é em silêncio que os moradores esperam as
decisões oficiais. A população, com todos os problemas, toca a vida, enquanto a
tocaia dos jagunços oficiais fecha o cerco (uma das Comunidades ameaçadas de
remoção, a da Paz, teve cortada a ligação de energia e suprimento de água nos
últimos meses). Com a alegria possível e muita arte. A Avenida Caititu é uma
via sempre alegre e bem movimentada. São muitos os estabelecimentos comerciais
e é permanente e agitado o trânsito de pedestres e veículos. Muitas pessoas e
carros nas ruas. E muito som. É música de ponta a ponta. E, nesta tarde de
sábado, tivemos no meio da via, mais um som, o som da “Arte Maloqueira”, um grupo de jovens, que utiliza o RAP para
falar da vida e das lutas das comunidades. Um som forte e guerreiro, cujos sons
e movimentos foram reproduzidos pelas dezenas de meninos que encheram a
Avenida. Os meninos fizeram a festa mais bonita.
Valter de Almeida Costa
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