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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A OCUPAÇÃO CULTURAL DO COLETIVO DOLORES E O FESTIVAL TEATRO MUTIRÃO





A OCUPAÇÃO CULTURAL  DO COLETIVO DOLORES E O FESTIVAL TEATRO MUTIRÃO


Uma das vantagens de meu trabalho como Supervisor Escolar é que entre uma escola e outra que visito,  como  parte de minhas funções profissionais, vejo, no caminho,  o que acontece nas ruas. Meu posto de trabalho, a Diretoria Regional de Educação de Itaquera, fica perto de Artur Alvin. E como a maior parte das escolas que supervisiono fica localizada no Conjunto José Bonifácio, o  caminho que mais utilizo para chegar nestas escolas é o da Avenida Radial Leste, que pego na altura da Estação de Metrô Artur Alvin. É é lá que desde o dia 1 de setembro tenho acompanhado, nestas passagens com meu carro, a transformação de uma praça em  território de Ocupação Cultural,. Esta Ocupação está sendo realizada pelo Coletivo Dolores. Integra este Coletivo, o Grupo de Teatro “Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes”, que organizou, no início do mês de agosto, passado, outra temporada da “Saga do Menino Diamante”, em espaço localizado perto da Estação Patriarca, também na Zona Leste.
 

 

E qualquer um que tenha assistido uma das encenações desta peça do “Dolores” não fica indiferente à ação de seus jovens atores. O processo da construção da “Saga”, o resultado, toda a energia das apresentações que atrai centenas de outros jovens da cidade toda, certamente não ficaria nos limites institucionais conhecidos. Para os que estão acostumados com a rebeldia consentida e subvencionada dos grupos que vivem dos projetos oficiais e seus minguados recursos, poderia causar surpresa uma ação, a da Ocupação, cuja radicalidade  melhor corresponde às análises presentes em suas peças. Mas teatro é teatro. E trabalha com símbolos. A escolha do lugar da Ocupação está carregada de símbolos, alguns bem explorados na “Saga do Menino Diamante”. Neste sentido, a proximidade do terreno em que está sendo construído o futuro Estádio do Corinthians, para a Abertura da Copa de 2014, traz muitos elementos para comparações de projetos, políticos, sociais e culturais, bastante distintos.

 

Bom exemplo de polissemia, por dar margem a múltiplos significados, o estádio em construção tanto simboliza o poder do grande Capital e seus vários recursos midiáticos, como também representa a paixão de milhões de torcedores descapitalizados. E além de tudo o que significa os símbolos, a história e, em especial, o cotidiano da maior parte desta torcida, a própria construção, em si, constitui um  poderoso signo do trabalho humano. Aquelas centenas de operários,  num trabalho ininterrupto, impressionam. Os gigantescos guindastes e os tratores abrindo ruas, da noite para o dia. É um espetáculo  que fascina. Em qualquer hora do dia é possível encontrar curiosos com câmaras amadoras e celulares registrando cada fase da construção.

Pois bem, foi ali, perto do futuro grande estádio, que foram colocadas as tendas na Praça ocupada pelo grupo “Dolores”, de Teatro. E como são maravilhosamente atrevidos estes jovens com suas tendas. Passei hoje de carro, quando ia para uma visita de rotina a uma turma de Mova (Movimento de Alfabetização de Adultos), em frente ao acampamento do “Dolores”.  O sol já estava forte e os jovens atores do “Dolores” estavam  lá, em círculo, numa reunião pública, na praça. Não podia, mas tive muita vontade de parar e confraternizar com aquela garotada. Emocionante aquela ocupação. Aqueles jovens sabem muito bem o que estão fazendo e o que representa aquela ação. Estão fazendo história.



Se no espetáculo da “Saga do Menino Diamante – Uma Ópera Periférica”, temos a reflexão sobre vários temas de nossa história, remota e recente, com destaque para o fenômeno atual, e recorrente, da expulsão das comunidades pobres pelas grandes obras viárias (e interesses dos especuladores) , agora, neste pedaço da Zona Leste, várias comunidades estão ameaçadas de “desaparecer”. As questões trazidas pelo “Dolores” são, portanto, bem atuais. Estão bem sintonizadas quanto ao tempo e quanto ao espaço em que atuam. Como diz o refrão de uma das músicas tocadas na peça, “Salve, Zona Leste”.

 

 

Informação Contida no site do Dolores:

 

“O Coletivo Dolores está propondo uma ocupação político – artística numa praça ao lado do metrô Artur Alvin (linha vermelha). Serão 15 dias de ocupação e atividades de formação, apresentações de peças teatrais e apresentações musicais e um trabalho para montar um monumento na praça. Para isso conta com a participação de diversos grupos parceiros que preencherão de bons espetáculos nossas tardes e noite começando dia 1 e terminando no dia 15 de setembro.

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